Sugestão: Ouça baixinho enquanto lê ao texto! ;)
Ana ainda pensa nele.
Já faz um bom tempo que eles romperam. Mas, seu coração desobediente insiste em se lembrar dele.
Há dias em que ela se sai bem, muito bem. Há tantos dias de Alegria. A Alegria é realmente adorável. E "adorável" é uma palavra tão adorável que deveria ser usada frequentemente. A Alegria faz com que Ana adore suas coisas, sorria e, inclusive, acredite que talvez possa amar novamente e bem melhor que antes...
A parte dificil é que a Alegria não é capaz de fazer com que Ana o esqueça. Ela pensa nele mesmo nos dias de Alegria. Porém, é bem pior pensar nele nos dias tristes. Ou será que os dias ficam tristes porque ela pensa nele, na falta que ela sente dele?
Porém, a Tristeza é injustamente proditória de tão bonita. Vestida de melancolia, que às vezes seduz só para que reine por mais tempo. É quase loucura, mas, em algumas vezes (poucas vezes) Ana inocentemente se vê confortável ao lado da tristeza. Ah, Como você é cruel, Tristeza!
Pobre da Ana! Ela não sabe bem porque permite que a Tristeza exerça tanto poder. É tão bonita, tão poética, mas também tão cruel.
Já faz tanto tempo que romperam e todos diziam que o Tempo iria fazê-la se esquecer dele e que o Tempo saberia lidar com a Tristeza. Pois bem, já passou um bom Tempo, e Ana não o esqueceu.
Mas, talvez Ana não tenha nada de errado. Talvez o Tempo esteja sendo trapaceiro e passe de forma diferente para ela. Justamente o Tempo, que todos diziam ser tão poderoso, parece não exercer tamanho controle sobre o Amor.
E ultimamente a Dor tem aparecido constantemente, sem ser convidada. É claro! Pobre da Ana, que não sabe como se esconder! Uma música, um carro parecido com o dele, uma palavra que costumava ser do seu vocabulário, um lugar, um sorriso, uma reportagem... Qualquer desculpa serve para que a Dor sorrateiramente apareça.
Tem doído demais, porque o Amor foi demais. Por ter sido Amor demais a Dor tornou-se forte.
Então, incapaz de expulsá-la por conta própria, Ana é obrigada a deixar a Dor entrar, na Esperança de que ela não queira ficar ali presa e logo saia. Afinal, a Dor costuma ficar incomodada na presença da Alegria e até na do Orgulho. Assim, às vezes ela cede e sai.
O Orgulho é mais uma coisa para Ana temer. O Orgulho não quer que ninguém sabia que Ana ainda pensa nele. Então, ele veste aquele traje fino, elegante, a capa da auto-estima elevada e um batom vermelho, para que todos achem que ele está bem. Ele não quer que além da Dor da Ausência, (aquela que é bff da Saudade), entre também a Rejeição.
A Ausência já é demasiadamente pesada e cinzenta. Mas, a Rejeição é muito mais malvada. Ela é capaz de ferir e maltratar. Ela corta como faca afiada. Melhor que ela passe longe...
Na verdade, já faz tanto tempo... Ana já não sabe mais o que deu errado. E isso agora não importa. Saber que hoje ele está em outros braços, já é uma sentença demasiadamente cruel ... Mesmo que tenha sido ela a dizer não.
Ana sabe que o Amor sozinho dói, e já falamos da Dor. Sobre o Tempo? Ela não sabe mais se ele é capaz de matar o Amor. O único consolo que ela encontra não está no Tempo, mas na Esperança. A Esperança lembra Ana de que todos os dias há motivos para deixar a Alegria entrar.
No entanto, o maior consolo está em saber que assim como a Saudade não é capaz de habitar sozinha em Ana, os outros sentimentos também não são. Nem mesmo os piores e mais temidos. Assim, enquanto eles forem muitos e misturados... Ela sobreviverá!