Olá
Conectadosssssss!
Eu
posso dar 5 estrelas para um livro que tocou meu coração profundamente, mas que
torceu meu estômago em pedacinhos, quando descrevia as mortes rotineiras
dos animais do Alasca? Seja para alimentar ou aquecer os homens
daquela região, essa foi a parte complicada da leitura.
A menina de neve, da autora Eowyn Ivey, Editora Novo Conceito, é uma história
tocante, comovente e linda; que tem como cenário: A vida agrícola,
difícil e exaustiva, no Alasca dos anos 20. Confesso que ler
as descrições das mortes dos bichinhos foi a parte conflitante, durante
toda a leitura. Mesmo que eu compreenda que a vida humana, naquelas condições,
praticamente dependa disso; ler, por exemplo, que um coelhinho serve de pele
para aquecer foi bem sofrido!
Contudo,
devo dizer que faz muito tempo não lia um livro tão comovente, que narrasse uma
mistura de vida absolutamente simplória com um Q de fantasia e ficção. É difícil ser
objetiva para falar sobre esse romance, mas posso dizer que é sobre o amor.
Sim, o amor... O amor daqueles que alimenta, que acode, que preocupa, que
ajuda, consola, horas desola; mas que dá sentido à existência.
A
história, narrada em terceira pessoa, mostra um casal, cinquentenário,
Jack e Mabel, que vive uma vida essencialmente agrícola nas terras
remotas do Alasca, nos anos 20. Conhecer a vida num lugar isolado com
tantas dificuldades para sobreviver, foi um cenário totalmente novo e curioso
para mim. Uma terra onde o calor é excessivo, o inverno é violento, o dinheiro
é muito escasso, o alimento tem que ser conseguido e produzido, pelas
próprias mãos.
Os
dois partiram da cidade grande para fugir de sua antiga vida, em razão da dor
que sentiam por não terem tido filhos. O sofrimento, especialmente do
ponto de vista da Mabel, ficou muito claro no texto. Eles tentavam evitar as
lembranças, da perda do único bebê que geraram, lembranças do convívio social,
do medo de fofocas, perguntas e até de olhares piedosos. O casal largou tudo
para viver numa pequena cabana, sobrevivendo da terra.
Eu
preciso dizer que as primeiras 40 páginas pareciam se tratar apenas de algo
lento e com uma vibe depressiva. Um diário de lamentações e tristeza que quase
me fez perder a fé sobre o livro ter sido finalista do Prêmio Pulitzer.
Porém,
à medida que a história avançou, eu fui cativada e fisgada. Talvez por estarmos
num período de inverno intenso, eu me sentia vivenciando o frio descrito ali
nas cenas. Na primeira nevasca do casal, naquelas terras, houve um momento bem
inesperado de sintonia e felicidade, entre os dois. O casal fez um boneco
de neve juntos e desfrutou de uma noite muito especial e divertida. Enfeitaram
o boneco com cabelinhos, narizinho, como se fosse uma menina. Ainda a decoraram
com luvas e cachecol, vermelhos.
No dia seguinte, surpreendentemente, a
boneca, estava toda bagunçada e com seus acessórios roubados. A partir dessa
parte foi difícil largar a leitura. Aqui, com a chegada da personagem que deu
nome ao livro, tudo começou a ficar mais intrigante. Uma garotinha loira que
vivia na floresta e apareceu usando as luvas e cachecol, em companhia de uma
raposa vermelha.
Há um Q de mistério e fantasia que nos leva a devorar o livro para descobrir
"quem" ou "o que" é essa garota. Esse romance foi inspirado
num folclore Russo, uma história muito famosa na Russia, chamado " Snegurochka", a Donzela de Neve.
Eu já conhecia esse conto de fadas e isso atrapalhou bastante minha leitura. Li
"A Menina de Neve" com medo, durante todo o tempo, de que o
final fosse um fracasso ou exatamente como o do conto.
Entretanto,
a história segue com tantas surpresas e desvios que fui levada a mil reflexões
paralelas. São problemas típicos da sobrevivência no Alasca, problemas do
próprio casal com suas dores, pensamentos sobre a vida e importância do
amor da amizade; que o foco acabou não ficando somente em quem era a menina
Faina.
Um
livro surpreendente, com personagens cativantes e absolutamente apaixonantes.
Todos, nessa história, possuem alguma característica muito especial e que fez
com que eu me apegasse verdadeiramente aos personagens, mesmo os secundários. A
forma como a autora trabalhou os sentimentos, o cenário e o mistério foi muito
delicada e cuidadosa.
Eu
recomendo essa leitura, apesar de ter sofrido com a morte dos animais. Ele não
é uma discussão sobre a cadeia alimentar e sobre a "supremacia" dos
homens; mas sim um relato fiel à maneira como a vida se desenvolvia, naqueles
tempos e naquelas terras. Creio que o principal ponto, em todo o texto, tenha
sido o amor. Uma leitura que nos mostra o quão importante é ter quem amar e ter
com quem contar. Somente o amor é capaz de dar fôlego tanto no calor, como
aquecer uma casa, na neve e frio. Em suma, o amor aquece os corações e ele é a
força capaz de fazer nova todas as coisas.
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